A poética e a estética da fome e O direito à literatura negra são os assuntos que os convidados Pe. José Enes, Iyá Gunã, Maria Angélica Ribeiro e Rute Rodrigues vão se debruçar nos bate-papos gratuitos, na Galeria Olido
Para comemorar seus 25 anos de trajetória, a Invasores Companhia Experimental de Teatro Negro realiza uma circulação gratuita do espetáculo Eu e Ela: visita a Carolina Maria de Jesus , idealizado, escrito e interpretado por Dirce Thomaz diretora,a obras do grupo. A montagem tem sessões nos dias 2 e 5 de agosto, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima (Pinheiros), e no dia 15, no CEU Tremembé , em São Paulo.
A peça é uma releitura da obra Quarto de Despejo (1960), de Carolina Maria de Jesus, com inspiração no curta-metragem O Papel e o Mar (2010), de Luiz Antonio Pilar, que imagina um encontro entre o autor e o almirante João Cândido Felisberto, líder da Revolta da Chibata. Em 13 cenas, Dirce Thomaz entrelaça memória, cultura e desigualdade social, tendo sempre como eixo o pensamento e a escrita dessa mestra das palavras e da música.
“Carolina é um oásis. Muitos de seus textos ainda precisam ser descobertos. Ela foi uma mulher livre — teve três filhos, não foi casada, foi professora — mas por ter morado na favela, ficou conhecida apenas como ‘a escritora favelada’. Por que o lugar onde moram os artistas é uma questão só quando se trata dela?”, questiona Dirce.
A programação inclui ainda rodas de conversa, realizadas na Galeria Olido, em agosto:
· Dia 23/08 – A poética e a estética da fome , com Pe. José Enes e Iyá Gunã (Dalzira M. Aparecida), mediação de Dirce Thomaz
· Dia 30/08 – O direito à literatura negra , com Maria Angélica Ribeiro e Rute Rodrigues Reis, mediação de Dirce Thomaz
A circulação, iniciada com sessões na Galeria Olido (junho) e na EMEI Regente Feijó (julho), é realizada por meio do 20º Programa Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo. A iniciativa também marca os oito anos de estreia de Eu e Ela , reforçando o compromisso do grupo com a valorização do pensamento negro, das vozes indígenas e quilombolas e do teatro como espaço de resistência e memória.
Sobre Dirce Thomaz
Atriz-criadora, diretora e dramaturga, Dirce Thomaz é referência no teatro negro brasileiro, com uma carreira marcada por personagens que reafirmam a força e a complexidade da mulher negra na história e na arte. Ganhou destaque na interpretação de “ Xica da Silva” , em 1988, sob direção de Antunes Filho, numa montagem emblemática realizada no centenário da abolição da escravatura.
Desde então, Dirce segue construindo uma dramaturgia de protesto, memória e afirmação. Com o espetáculo “Eu e Ela: visita a Carolina Maria de Jesus”, mergulhando na obra da escritora mineira para refletir sobre temas urgentes como a fome, o racismo e a dignidade humana.
Fundadora da Invasores Companhia Experimental de Teatro Negro, com mais de 25 anos de trajetória, Dirce atua como artista e formadora, liderando aos palcos vozes silenciadas e narrativas invisibilizadas, com força, sensibilidade e compromisso político.
Sinopse
”Eu e Ela: visite a Carolina Maria de Jesus” é uma releitura das obras “ Quarto de Despejo” , de Carolina Maria de Jesus, e do curta-metragem “O papel e o mar” (2010), de Luiz Antonio Pilar. Idealizado e interpretado por Dirce Thomaz, o espetáculo em 13 cenas construiu um diálogo entre duas mulheres negras de tempos distintos, unidas por vivências de exclusão, resistência e criação.
Esse entrelaçamento, conexões traçadas entre o passado e o presente a partir da escrita potente e da trajetória de Carolina Maria de Jesus.
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