O som do timbau marcou o início. Foi tocando surdo em uma banda de axé que Anderson Talisca encontrou, ainda criança, os primeiros sinais do que viria a ser sua segunda grande paixão. Nascido em Feira de Santana, interior da Bahia, o hoje atacante do Fenerbahçe fez da bola o meio de vida. Mas, enquanto colecionava gols em clubes como Bahia, Benfica, Besiktas, Guangzhou Evergrande e Al-Nassr, alimentava também a vontade de fazer música — não como passatempo, mas como missão.
Spark, nome artístico que Talisca adota desde 2020, dá agora um novo passo com Notas, álbum que chega às plataformas como um divisor de águas em sua trajetória artística. O projeto é resultado de quase três anos de maturação e estudos: “É um álbum para o qual me dediquei intensamente. Pesquisei, aprendi, me desafiei. Foi nesse processo que aprendi a tocar piano, e por isso ele se chama Notas”, conta o artista.
O disco flutua entre o trap, o R&B e ritmos que carregam sua herança baiana — com percussões de timbau e conga que colorem os beats de forma original. As participações de nomes como Luccas Carlos, BIN, OG Bahia, JayA Luuck, saboya, Rafa Jah e DJ Thai reforçam a pluralidade de sonoridades e temperos do trabalho.
“Esse disco tenho construído há quase três anos. Eu lancei o EP Sou Eu no meio do processo, onde mostrei meu lado mais romântico, mas eu queria mostrar a minha vibe mais rua, com tudo o que passo no futebol. A partir disso, comecei a construir um projeto que mostrasse essa minha face, que é mais enérgica, mas também fala sobre superação e sentimentos”, complementa.
Entre amor e subtexto
À primeira escuta, Notas parece um disco sobre romance, mas Spark deixa claro que esse é apenas um dos veículos narrativos para algo mais profundo. “A galera brinca que eu sou apaixonado, mas não é só isso. Toda música tem uma narrativa por trás. O amor é só um método de passar uma outra mensagem. Eu uso muito disso para que as pessoas tirem outras lições”, explica.
Faixas como “Confusa” e “Box” abordam relações marcadas por desejo, memória e intensidade emocional. Em “Menciona”, Spark retrata o vai e vem dos sentimentos com um lirismo volátil e íntimo.
Já em “Culpa”, canta sobre o peso de um término, os ressentimentos e a busca por libertação. Há também espaço para faixas que exaltam poder, prazer e estilo, como “Joias”, com Jaya, e “Preta Rara”, com Luccas Carlos — hinos à mulher forte, autêntica, celebrada em meio ao luxo e à sedução.
O artista por trás do jogador
A dualidade entre Spark e Talisca não é um disfarce: é convivência. Enquanto o mundo do futebol exige performance e foco, a música oferece refúgio e profundidade. “Quando comecei a fazer minha música, havia um preconceito pelo fato de eu ser jogador. Mas a minha arte não é brincadeira. Eu estudei, tive aula de canto, treinei meu ouvido, criei sensibilidade”, pontua.
A rotina é puxada, mas organizada. Talisca treina pela manhã e dedica as tardes e noites ao estúdio que montou em casa, onde troca ideias com seu produtor, estuda referências e aprofunda seu repertório. “Eu escuto muito Blxst, Ty Dolla Sign, PARTYNEXTDOOR. São artistas que me influenciam na criação. Mas também carrego a Bahia nos meus arranjos, no molho que trago nos beats. É minha origem, é o meu som.”
Essa raiz aparece tanto na textura rítmica quanto na estética — Spark é um personagem, mas não uma fantasia. Ele acessa, através da música, lugares que o atleta não se permite explorar publicamente: vulnerabilidades, afetos, dores, vontades. “A música foi o que pagou a feira da minha casa. A arte me ajudou, e hoje eu consigo ajudar outras pessoas através dela”, diz.
As Notas de Spark
Mais que um álbum, Notas é uma carta de intenções de Spark. É o ponto de virada para um artista que quer ser ouvido com seriedade e emoção. “O que eu busco é criar uma base de fãs mais sólida, fazer minha arte chegar mais nas pessoas. Quero construir um show maneiro, criar uma entrega acima da média. Apresentar minha arte com excelência é o que eu mais quero”, afirma ele.
Entre os gols e os versos, Talisca escreve sua história com a bola e com o coração. Notas é um disco de quem já venceu no esporte, mas segue sonhando alto — agora com o microfone na mão.
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