Logo nos primeiros dias de 2025 tivemos uma das artistas revelações mais interessantes do ano e o nome dela é Rose Gray! Com o álbum de estreia “Louder, Please” nas ruas desde janeiro, a cantora inglesa vem aos poucos conquistando espaço no pop: abriu shows para a Kesha, fez remix com a Shygirl e integra listas de melhores álbuns do ano até agora como o da Billboard e da Variety.
Rose Gray vem ao Brasil em novembro, para shows em São Paulo no Zig Festival e no Rio de Janeiro. O público daqui é um dos maiores da cantora e “Louder, Please” se tornou rapidamente um queridinho para quem gosta de um pop eletrônico como o de Charli xcx e afins.
Ela conversou com o Papelpop e falou sobre como a vida dela foi transformada pelo álbum de estreia, o relacionamento dela com a vida noturna e ainda conheceu dois elementos da cultura brasileira que têm a ver com o trabalho dela. Na época, o shows não haviam sido anunciados e ela contou primeiro pra gente!
PAPELPOP: Eu vejo nas suas redes sociais que você está se acostumando com a energia dos fãs brasileiros, porque no Twitter você está, tipo, bombando. Eu vi que você postou a foto de uma influenciadora, uma influenciadora brasileira, a Bota Po, porque vocês são parecidas.
Rose Gray: Eu estou obcecada por ela. Nós parecemos muito. Muito mesmo.
E eu vi que você está procurando um lugar para fazer um show aqui, certo?
Sim, acho que já fui contratada para um show, mas não posso… não acho que posso confirmar ainda. Tem conversas rolando, com certeza. Estão rolando conversas, estão rolando conversas.
Nada decidido ainda? Nada 100% certo? Tipo 90%?
Tipo… eu vou fazer um show este ano no Brasil.
Ok, é isso que a gente precisa saber por enquanto. E falando sobre este ano, acho que ele só começou, mas já está sendo lindo para você por causa de Louder, Please. Me conta, como você se sente nesses primeiros meses do ano? Porque acho que muita coisa mudou desde o lançamento, né?
Sim, honestamente, sem querer soar dramática, mas foi tipo… antes da manhã em que o álbum saiu e depois dela. Tudo mudou. Tinha muita coisa no meu calendário ainda para confirmar — abertura de turnês, shows, festivais, participações. E desde que o álbum saiu, muitas dessas coisas agora são “sim”, estão realmente acontecendo. O mais incrível é sentir os fãs. Muita gente me descobriu pela primeira vez com o álbum, e isso é muito poderoso, porque eu já tenho um corpo de trabalho muito forte que as pessoas podem aproveitar.

E para um debut como esse, Louder, Please é muito rico. Eu poderia falar de várias faixas, mas primeiro quero saber: como foi a jornada para fazer Louder, Please?
Foi brilhante. Eu fiz o álbum sem saber 100% se conseguiria lançá-lo. Então havia uma liberdade real no processo. Não havia limite de tempo, eu tive muito tempo para criar. Isso me permitiu fazer centenas de músicas esperando que virassem um álbum, mesmo sem ter a confirmação. Mas tive sorte porque, desde cedo, trabalhei com pessoas incríveis — Justin Tranter, Sega Bodega, Uffy, Alex Metric — todos gênios em seus estilos. Foi super divertido, uma experiência colaborativa de verdade.
A resposta dos fãs foi como você esperava, ou até maior, tipo, eles curtiram ainda mais do que você imaginava?
Eu sempre tive orgulho do álbum, eu o amava. E sabia que era bom porque mostrava para amigos e produtores. Mas eu não sabia como seria recebido, nem que viajaria tanto internacionalmente. Antes do álbum, eu já tinha uma base no Reino Unido, as pessoas meio que sabiam quem eu era, mas ainda era underground. Agora, especialmente no Brasil, na Austrália, no México e até nos EUA, sinto que há muita gente querendo me ver ao vivo. Foi uma surpresa maravilhosa ver até onde ele chegou.
Tem uma música chamada Just Two que tem uma conexão com uma música brasileira. Você sabia disso?
Não!
Você vai amar, porque Just Two tem uma interpolação da música Blue, né? E aqui no Brasil a gente tem um funk que faz a mesma interpolação. É uma música antiga, do começo dos anos 2000. Acho que você vai amar, porque é igualzinha a Just Two.
Sério? É a mesma interpolação? Como se chama?
Chama Um Tapinha Não Dói, tipo “a little slap doesn’t hurt”.
A little slap doesn’t hurt…
Você devia tocar isso no meu show.
Meu Deus, sim
E um pedido pessoal: eu amo Wet n Wild, não só pela música, mas porque aqui no Brasil temos um parque aquático chamado Wet’n Wild. Então, se você vier, precisa fazer uma nova versão de Wet n Wild dentro do nosso Wet’n Wild. Você já tem muita coisa para fazer no Brasil
Eu poderia refazer o clipe, mas num parque aquático.
Quero falar de Party People. É uma música especial porque tem muita intimidade e verdade. Não é só festa, fala de conexões reais, amizades. Como isso é para você?
Eu conheci todas as minhas pessoas favoritas em festas. Durante muitos anos, era meu escape, era o que eu mais esperava. Eu assinei um contrato de gravadora muito jovem, depois saí dele, e fiquei perdida. Bem perdida, na verdade. E sair para festas era meu refúgio. Acho que clubbing tem muito mais do que as pessoas veem na superfície. É uma forma linda de se conectar. Por isso foi uma das faixas principais. E até hoje, nos shows, é a que mais recebe reação do público.

Também quero falar das músicas românticas. Tem várias, mas para mim elas não são só românticas, tipo Switch. É romântica, mas também engraçada, curiosa. Parece que você tem uma forma divertida de falar de relacionamentos.
Sim, tem uma certa leveza, um toque lúdico na minha escrita. Eu sou uma pessoa profunda, mas gosto de colocar pitadas de humor, misturadas a temas difíceis como dor, amor, desilusão. Tipo em Wet n Wild, se você destrinchar as letras, tem umas brincadeiras escondidas. Gosto disso.
Quero saber como foi fazer Free. Porque toda vez que ouço eu penso: Rose, nem tudo que é bom na vida é de graça.
Nem eu acho, para ser honesta! Minha ideia de felicidade é estar na praia, com pessoas que amo, sol, bebida na mão. Mas pegar um avião não é de graça, gasolina não é de graça. (risos) Mas acho que depois de passar por tanto, inclusive por ambientes cheios de materialismo, percebi que as coisas que realmente me fazem feliz não são essas. A felicidade interior é muito mais poderosa.
Quero falar da capa do álbum, porque aqui no Brasil muita gente conheceu Louder, Please pela capa. No Twitter já colocaram ela no “Gay Hall of Fame” das capas icônicas, tipo o Nonante-Cinq da Angèle ou Desire da Caroline Polachek.
Desde o início, quando sabia que ia fotografar a capa, eu já tinha a visão exata. Era isso que eu queria. Não imaginava o impacto que teria até sair. Todo mundo amou a imagem, especialmente no Brasil. Muita gente até perguntou se a praia era no Brasil, porque parece.

Dá para associar ao Rio de Janeiro, eu diria.
Sim. Queria criar o sentimento do álbum na arte. E consegui chamar meus amigos para o ensaio: minha amiga Amir está lá, e meu melhor amigo é o cara beijando outro homem na praia. Foi muito divertido fazer. Todas as fotos daquele dia ficaram fortes, dava para usar várias como capa.
Agora a clássica: o que vem a seguir para Rose Gray? Sua agenda está cheia, né?
Tem muita coisa empolgante acontecendo. Muitos shows, festivais, novos anúncios. Estou ajustando algumas coisas nos bastidores para ter mais liberdade criativa, inclusive visuais. Também tenho muita música que ficou de fora do álbum…
Tipo uma versão deluxe?
Rose Gray: Vai ter algo, sim. Mas eu chamo de “álbum-irmã”.
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