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MV Bill celebra a força da palavra na FLIS: “a literatura me mostrou que eu podia ser uma exceção à regra”

A fronteira entre o verso escrito e o verso cantado vai ganhar novos contornos na 4ª edição da Festa Literária Internacional de Saquarema (FLIS), que acontece entre os dias 11 e 20 de novembro, no Campo da Aviação. Um dos nomes que simbolizam essa travessia é o de MV Bill, rapper, escritor e cronista das […]

MV Bill

A fronteira entre o verso escrito e o verso cantado vai ganhar novos contornos na 4ª edição da Festa Literária Internacional de Saquarema (FLIS), que acontece entre os dias 11 e 20 de novembro, no Campo da Aviação. Um dos nomes que simbolizam essa travessia é o de MV Bill, rapper, escritor e cronista das ruas, que marca presença no evento fora dos palcos, dividindo a mesa “Trajetos de Escrevivências” com ninguém menos que Conceição Evaristo.

Com três décadas de carreira no rap, MV Bill chega à FLIS como um artista completo, “multifacetado”, como ele mesmo define. “Hoje eu sou ator, autor e rapper. Então, consigo me dividir em diversos lados e ficar atento a tudo o que quero fazer”, afirma.

Ainda assim, ele não esconde que o rap permanece como um território afetivo e essencial em sua trajetória:

“Quando conheci o rap, foi o que me inseriu no mundo. Era um adolescente que não me encaixava em grupo nenhum. O rap me permitiu fazer parte de algo. Compor ainda me faz bem e leve.”

Apesar do reconhecimento e da expansão do gênero, Bill observa com olhar crítico o cenário atual do rap. Para ele, a visibilidade maior de alguns discursos acabou deixando outros de lado.

“O rap cresceu, mas também se dissolveu um pouco no discurso. O público tem ouvido mais o que está em alta, o que diminui o alcance das músicas que falam sobre o dia a dia do trabalhador. O ‘verdadeiro rap’ nunca deixou de existir, só precisa de mais espaço.”

A literatura na vida de MV Bill

Se o rap abriu as portas, a literatura foi quem ensinou MV Bill a atravessá-las com consistência. “Como parei de estudar cedo, percebi que pra escrever uma música de cinco minutos era preciso ter vocabulário. O rap me obrigou a estudar mais e a literatura me mostrou que eu poderia ser uma exceção à regra”, relembra. Ao lado de Celso Athayde, ele é autor de dois livros-reportagem: “Falcão – Meninos do Tráfico” e “Falcão – Mulheres e o Tráfico”, obras que ampliam a escuta sobre as realidades invisibilizadas das periferias.

Apesar de ambos lidarem com a palavra, MV Bill vê diferenças fundamentais entre o ato de rimar e o de escrever prosa.

“As duas artes se complementam depois de prontas, mas o processo criativo é bem diferente. Na música, eu penso dentro daquele universo musical. Já na literatura, estou mais solto, mas isso dá mais trabalho pra amarrar tudo e juntar as ideias.”

Ainda assim, é justamente essa liberdade que permite ao autor acessar camadas mais profundas de sua vivência:

“No livro, consigo desdobrar melhor alguns pensamentos que não cabem numa música. Me sinto mais à vontade pra falar de coisas mais complexas.”

É com esse espírito que ele chega à FLIS, onde dividirá espaço com Conceição Evaristo, referência da literatura negra e periférica no Brasil. Para Bill, esse encontro tem um significado simbólico potente:

“Quando a gente fala sobre uma sala de autores, ninguém imagina que vai entrar uma pessoa como eu ou uma mulher como ela. Esse encontro quebra esse estereótipo.”

A proposta da FLIS é justamente essa: borrar os limites entre os gêneros, entre a cultura popular e a erudita, entre quem canta e quem escreve. Para MV Bill, não há divisão real entre compositor e poeta. “Estamos falando da mesma essência com formatos diferentes”, resume. E completa: “As feiras são muito importantes porque chamam atenção pra literatura, que é o que mais transforma pessoas nesse país. Estou ansioso pra ouvir os questionamentos do público, esse é o grande momento pra mim.”

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