Na edição mais recente do programa Conversa com Bial, o cantor e ator MC Cabelinho abriu o jogo sobre temas que estão movimentando o universo do trap e do funk na grande mídia, incluindo a recente prisão de Poze do Rodo e a polêmica em torno do projeto de Lei Anti-Oruam, que tem gerado preocupação entre artistas da cena e que chega como mais uma tentativa do estado de censurar vozes pretas e periféricas.
Durante a entrevista com Pedro Bial, Cabelinho demonstrou indignação com o que classificou como “perseguição seletiva” aos artistas da periferia. Ao comentar o caso de Poze, ele destacou que a forma como o funkeiro foi abordado e detido demonstra um viés de criminalização da cultura de favela. “É como se a gente não pudesse crescer, não pudesse vencer. Querem calar nossa voz”, afirmou.
Sobre o projeto de lei apelidado de ‘Anti-Oruam’, Cabelinho foi enfático:
“Essa lei não é sobre proteger a sociedade, é sobre silenciar a favela. O que a gente canta é o que a gente vive, o que a gente viu. Eles querem controlar até isso agora.”
O artista ainda ressaltou que a arte é reflexo da realidade social, e que o foco deveria estar na criação de oportunidades e no combate às causas da violência — não na repressão cultural. “Se eles querem mudar o que a gente canta, têm que mudar o que a gente vive primeiro”, disparou.
O público vem reagindo fortemente sobre as questões colocadas por Cabelinho no programa, questionando os limites entre liberdade de expressão e censura. O professor MC MN comentou: “Aulas! MCs são além de tudo, professores”. Já o bboy, Leony, exaltou a forma de se comunicar do MC, que buscou falar diretamente com o público que consome programas da mídia televisiva, dizendo: – “Ele todo cuidado em falar bonito e sem gírias; é isso. O cara tentando explicar na língua deles a parada”
MC Cabelinho, que também tem se destacado como ator em produções da Globo, continua usando sua visibilidade para levantar debates importantes sobre desigualdade, racismo estrutural e resistência cultural. A conversa com Bial reforça seu papel não só como artista, mas como voz ativa da juventude das favelas brasileiras.
Veja o corte abaixo:
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