Rapper segue em cela coletiva no Complexo de Gericinó após Justiça negar novamente pedido de habeas corpus, em um caso marcado por acusações contestadas e críticas de desproporcionalidade.
O rapper Oruam, nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, completa nesta terça-feira (20) 30 dias preso em uma cela coletiva no presídio Bangu 3, no Complexo de Gericinó, no Rio de Janeiro. O artista foi indiciado por sete crimes, incluindo dupla tentativa de homicídio, após ser acusado de ter arremessado pedras contra policiais durante uma operação.
A denúncia, no entanto, é considerada desproporcional por parte da defesa e também por setores da cena do rap. Laudos apontam que seis das pedras eram pequenas e incapazes de causar danos, enquanto uma maior sequer teve autoria comprovada. Mesmo assim, o caso foi enquadrado como tentativa de homicídio, reforçando a crítica de que há exagero na condução do processo.
Oruam é réu primário e nunca foi condenado por tráfico. Apesar disso, foi classificado como de alta periculosidade ao entrar no sistema, fato que muitos apontam como reflexo do estigma de ser filho de Marcinho VP, preso há 29 anos. Para aliados, esse vínculo tem sido usado para criminalizar sua imagem e carreira, apagando sua trajetória como um dos maiores nomes do rap nacional.
Com mais de 10 milhões de ouvintes no Spotify e passagens por festivais como Rock in Rio e Lollapalooza, Oruam é reconhecido também em premiações internacionais, mas hoje enfrenta uma batalha jurídica que levanta debates sobre preconceito, seletividade penal e a criminalização de MCs negros e periféricos.
Enquanto a Justiça sustenta que a prisão é necessária para garantir a ordem pública, artistas e fãs seguem cobrando liberdade. Para eles, MC não é bandido, música não é crime e Oruam deve responder em liberdade, com base em provas reais e não em narrativas.
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